BARBANTE
Renato Moura
Pela avenida sombria,
Esquecido do tempo,
Com passos bem lentos,
Sem rumo eu seguia
Até onde pudesse chegar.
Cheia de cor, reluzente,
Uma lembrança antiga
Veio a mim de repente:
Lambe-lambe na praça,
Carrocinhas de sorvete,
Conversa fiada
Que ia noite adentro
E só terminava quando
O menino leiteiro anunciava
Um novo dia.
Em meio à caminhada,
Passando por indigentes,
Por cães vadios e pelos vazios
Da cidade alucinante,
Achei no chão um barbante.
A mim, ele servia
Para amarrar a saudade
Que não avisa quando vem,
Mas deliciosamente me invade.
Verbete: Renato Moura tem 65 anos, é Doutor em Educação e Professor aposentado da
UFRJ. Membro da APPERJ, publicou recentemente o livro “Vida, Um Glossário
Poético” (Poesia, Baraúna, 2022). Possui também um livro de contos e dois romances
publicados.
Só um poeta conseguever toda a poesia escondida em um simples barbante. Parabéns.
ResponderExcluirObrigado! Gostei do comentário!
ExcluirEu não sou anônima, meu nome é Glenda Maier e gostei muito do seu poema.
ResponderExcluirValeu, Glenda! Fico feliz que tenha gostado!
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