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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

RENATO MOURA


BARBANTE


Renato Moura

Pela avenida sombria,
Esquecido do tempo,
Com passos bem lentos,
Sem rumo eu seguia
Até onde pudesse chegar.
Cheia de cor, reluzente,
Uma lembrança antiga
Veio a mim de repente:
Lambe-lambe na praça,
Carrocinhas de sorvete,
Conversa fiada
Que ia noite adentro
E só terminava quando
O menino leiteiro anunciava
Um novo dia.

Em meio à caminhada,
Passando por indigentes,
Por cães vadios e pelos vazios
Da cidade alucinante,
Achei no chão um barbante.
A mim, ele servia
Para amarrar a saudade
Que não avisa quando vem,
Mas deliciosamente me invade.




Verbete: Renato Moura tem 65 anos, é Doutor em Educação e Professor aposentado da
UFRJ. Membro da APPERJ, publicou recentemente o livro “Vida, Um Glossário
Poético” (Poesia, Baraúna, 2022). Possui também um livro de contos e dois romances
publicados.



4 comentários:

  1. Só um poeta conseguever toda a poesia escondida em um simples barbante. Parabéns.

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  2. Eu não sou anônima, meu nome é Glenda Maier e gostei muito do seu poema.

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  3. Valeu, Glenda! Fico feliz que tenha gostado!

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