Participação da III Mostra Mostra de Poesia Contemporânea da APPERJ 2020- Edição Virtual
CATEGORIA ESCRITA
Almir Zarfeg
Fica uma eternidade sem dizer palavra
Para, de repente, sussurrar um Z sensual
Vento, desliza mansa nos meus temores
Chuva, semeia calma na minha abstinência
Como eu, não acredita no fim do mundo
Mas já passamos uma temporada lá doce lá
Não é esotérica nem fada mas vive repetindo
Perdições no meu labirinto esquerdo
Namorada minha, cãibra adormecida até o
Próximo round no meu quintal de delícias
Fruta madura, oh, avis rara e exuberante,
Abre alas para minha fome passar-inho
Teixeira de Freitas/BA
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Carvalho Junior
PÍFARO
evitao salto
suicida
de Safo,
não a minha sombra morta
dentro do papiro-capemba,
na manhã grave ferida
de faca e ferrugem,
a flauta do índio
no meio do rio.
:
funda o pífaro de taboca
de um gamela
treze aldeias de sopros
e milagres nos co(r)pos
de flores
que saram os acessos
de flechas
nos meus calcanhares.
Carvalho Junior
Caxias /MA

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Lourdes Sarmento
SÓ ESTRELAS
Dobro o lençoldobro a noite
machucada
la fora
a noite dobrada
no lençol
desperta o rosto
do sol sonolento
só estrelas
sairão dos teus olhos.
Recife/Pernambuco
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Daniel Campos
COMO ESTÁTUAS E MENINAS
Sei que há, em cada olho faminto
uma ponta de água molhando-se em pomba sanguínea;
E em certo ponto ocular
Um vírus nomeado de crime hediondo ou sucinto
Sei também que há, quando sobra um ruído
Pouco no fim de um verso,
O poeta que enxuga ao invés de ouvi-lo.
Mas não sei dizer se tudo seria o apenas
E pequenos vaga-lumes de cera sorrindo-nos
Como estátuas e meninas.
Daniel Campos
Jardim Botânico, Rio de Janeiro/ RJ

Daniel Campos Guerreiro nasceu em 1982 e mora no Rio de Janeiro. Publicou os livros de poemas Desperto Deserto (2005), A Carne da Árvore (2011) e Terceiro Azul (2017). É apperjiano
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POR QUE, PORQUÊ?
verdades nuas e cruas
vertem de muros descascados
bandeiras tremulam
por ideias rotuladas e obtusas
há ranços de violências
por todos os lados
escorrem no meu quintal
punhos em riste do negro
do índio do crédulo e incrédulo
mãos cerradas dos confinadores
celas-lar sem futuro
gente de toda a cor
indignos indignados e tristes
há que se reter poesia
para viver uma vida bendita
palmilhar o figurativo
há que se colorir
a ferrugem o velho e o gris
semear princípios
íntegros e interativos
buscar sensações
êxtases e a estesia ,
para atentar e sobrepujar
injustiças imerecidas
assim há que se encantar a vida
_________________a sobrevida.

Soninha Porto nasceu em Cruz Alta, mora em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Administra a Editora Somar, escritora dos livros de poesia do EU e Do Livro em Branco. Fundadora do grupo Poemas à Flor da Pele. E-mail: heisoninha!gmail.com
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ENSAIOS E DESFECHOS
Cada história vale a pena
Pois são espetáculos únicos,
Desafios... trilhas
Onde somos expectadores e personagem.
Mas o bacana disso tudo
É que o primeiro aplauso
O primeiro "bravo"
Ninguém percebe...
Também...
Não se faz necessário!
A alegria vem quietinha
Mas, vem...
Quem escreve cada linha somos nós
E vale a pena apagar,
Rasgar
Inutilizar...rabiscar... reescrever
Alguns capítulos
Vida que segue!
Por vezes, monólogo
E entre piadas e dramas,
Ação ou cenas de novela
Vamos escrevendo, editando,
Vivendo, virando
Cada página, cada verso...
Ensaiando e improvisando
Aguardamos os desfecho... o grande final!
Karine Dias Oliveira
Nova Friburgo/ RJ
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Lena Ferreira
DOIS ÍMPARES ESTRANHOS
...
dois ímpares estranhos
em provável reconquista
noite média, em lua alta
alta e cheia e imprevista
mesmo céu, órfão de estrelas
divagando, corpo-espaço
bebendo da maresia
como as ondas, tempo-esparso
língua entranha, essa que minha
liquefeita e inquisitiva
assunta o peso da lida
escrita
e, à pergunta em descompasso
pela pressa nada urgente
sussurrando em tom de brisa
tão modesto e complacente,
me dita:
“corte a barriga da vida”
Lena Ferreira
Piedade, Rio de Janeiro/RJ
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Adriano Besen
MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO
Observa meu querido
O mundo em transformação
O fracasso do egoísmo
A glória da evolução
O aprendizado continua
De geração em geração
Ao amor, fertilidade
Para o ódio, extinção
Agir com empatia
É a nobre solução
O caminho é a vida
E a vida, estação
Pela Paz, um canto livre
Á saúde, saudação
Merecemos mais sorrisos
E a natureza, exaltação
Poema de Adriano Besen que traz uma reflexão sobre o difícil momento que vem passando toda a humanidade, com a pandemia, a degradação da natureza e o evidente crescimento do egoísmo das pessoas. Que um pouco de poesia purifique a alma dos homens.
Florianópoles/ SC
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CLÉCIA OLIVEIRA
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Telas nos mostram e nos escondem do mundoSentimentos cada vez mais desfigurados
Ou – nas horas novas – profundos
Porém – nem sempre – poéticos.
Pessoas indagam o porquê de tanta injustiça
E quão pouco depende de nós o fim das notícias
Mesmo assim, refletimos recorrendo
Aos pontos que o cérebro ainda permite
Revemos o passado, descobrimos saudades e valores calados.
As vestes já não importam tanto e as maquiagens andam econômicas
São os olhares que nos respondem e sutilezam o que nos consome.
A caneca está cheia e a caneta vazia
Chá para ansiedade e azia
Nenhum que afaste a hipocrisia
Dos outros e a de nós mesmos.
As ideias já vivem muito mais no coração
São indescritíveis e decepcionam o racional.
As preces são atendidas muito mais nos sonhos
Dentro de nós mesmos – pesadelos
E a ferramenta que ainda nos serve
É enxergar-se e enxergar
Além do que é possível expectar.
Copacabana, Rio de Janeiro/RJ
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HERANÇA
Uma história
que transcende
tua própria história.
Tua face aponta
Para um tempo
Que transgride
O teu próprio Tempo.
Em ti carregas uma história
que te pertence,
mas não é tua.
Embora jovem
Caminhas ligado
a teus ancestrais.
Herdastes sim,
o legado de um povo
que é o teu.
Mas que não é teu.
Em ti habitam
muitos outros.
Além daquele que és.

Claudia Luna Apperjiana 348.Arte educadora e Psicologa pela PUC Rio.Idealizadora do Projeto "De Coração para Coração Poetas em ação Pró Criança Cardiaca",coordenadora de projetos da Ong O NossoPapel, foi membro da diretoria do SEERJ e atualmente é vice presidente da APPERJ.
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Carolina Martins
NAVEGANTES
Nós navegantes
Nesse imenso mar
de tempestade e calmaria
Um quase naufragar
Nesse olhar de poesia
Esse balançar tão difícil
Equilibrar o corpo
Içar as velas
Entender o tempo
O vento
Ter coragem
Para atravessar o mar
As adversidades suportar
E então
ver a água calma, serena
Olhar para o fundo da alma
E transformar seu mar em poema

Carolina Martins, mãe, poeta, funcionária pública, ativista,
Vila Isabel, Rio de Janeiro/RJ
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SOMBRAS
Quando literalmente
Em letargia, ressoa o sono
Não amanheço.
Cavalgo na penumbra
Desse dia negro.
Andarilho
Do sol que se faz chuva
Em seu brilho cinza
Tão úmido de saliva
E tantos queres.
Ah! Jogo-me
Porta a fora
De meu enredo.
Transito em névoas
Impregnadas de luxúria
Busco satisfação
Nesse vazio dilacerante
Gritante da pequenez
Em mim, que me apavoraE rouba-me o suspiro, suicida.

TINTAS
a água que escorre do corpo

Isaac Domingos das Silva nasceu em 1951 em Recife- PE. Licenciado em Português- Latim e Literatura pela UERJ-1979 e Filosofia em 2012, também pela UERJ. Sócio Fundador da APPERJ- Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro
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Edir Araujo
CÃO GUIA
Em teus olhos, emprestados e prestativos, há poesia.
Teu olhar é dia, é luz que conduz, com segurança,
a cegueira que se fez noite.
Então fez-se dia... e confiança. Confia cegamente!
A poesia que vaga
no olhar do teu olhar
pelas ruas da vida
Seguindo-lhe as patas, empresta teus olhos
àquele que não pode ver, na lida, na postura servil
e sóbria da fiel missão.
então fez dias... e confiança. Confia cegamente!
A poesia que vaga
na luz do teu olhar
pelas ruas da vida

Edir Araujo. Poeta e escritor independente. Autor dos livros: A passagem dos cometas, Risos e lágrimas, A Boneca de pano, Fulana (inédito) e muitos poemas, crônicas, microcontos, artigos, etc. publicados na web "ad aethernum".
Paulo Roberto de Oliveira Caruso
Soneto dodecassilábico de distância temporária
Isolamento é letra urgente a todos nós!
É a salvação, mas é também dor latejante...
É ouvir tão pouco a tua doce e meiga voz,
da qual privado eu vivo agora... eterno o instante!
O podre vírus pensa em ser o nosso algoz,
é o microscópico Satã sempre aviltante
nos agredindo como o esquilo agride a noz...
Adamastor matando cada navegante!
A quarentena, o isolamento são benesses
a qualquer um que tenha um chão para viver
com teto reto, ereto feito de concreto.
Mas peço ao Pai que siga atento às minhas preces!
Ó mãe querida, tantos dias sem te ver!
Rompe as divisas, Deus, e o mau anjo abjeto!
(sílabas poéticas fortes: 4ª; 8ª e 12ª)
Adamastor: monstro gigante dos mares que, segundo a lenda, aterroriza os navegantes e demais tripulantes lusitanos há séculos.

Presidente da Academia Brasileira de Trova Diretor Financeiro e Cultural da Academia de Letras e Artes de Paranapuã Administrador e Advogado pela Universidade Federal Fluminense. Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes (RJ) Itaipu, Niterói/RJ
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Renato Massari
LUIZA E LUZIA
Luiza luziu;
Por pouco não era Luzia,
Filhas que só tive
Em pleno devaneio,
Nos braços da fantasia.
O mundo é inconstante,
Alucinante,
Mas se acalma nas palavras
Que dizemos
E repetimos,
Em tudo que a vida faz
E desfaz
Com agulhas tênues.
Luzia e Luiza.
Vou encontrá-las agora
Na rua imaginária
Das andanças.
Quando a noite chega
E se derrama sobre o mar
Vejo surgirem duas faces:
Luiza e Luzia
Vêm nas luzes do luar.

Renato Massari, 61, é professor universitário aposentado. Publicou recentemente o livro “Sentimentos, Sabores, Semblantes” (Poesia, Ed. Baraúna, 2020), do qual extraiu e adaptou a presente poesia, e o livro “Montagens Cariocas” (Contos, Ed. Autografia, 2019).
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Rubermária Sperandio
Arroz Selvagem
O sono não vem,
a fome não vai.
Os olhos secos buscam
o bouquet no espelho.
Sementes voluptuosas
pendulam nas águas
pra lá e pra cá,
ao sabor dos ventos.
Os olhos especulares
mergulham para colher
os cachos dourados
da dona do apetite.
A mulher de fumaça acena,
tem pó de arroz na face,
atira dançante os grãos
na direção da barriga.
O contrato de núpcias flutua.

Rubermária Sperandio é mineira, criada em Mato Grosso, vive no Rio desde 2014.
É formada em Comunicação Social e mestre em Mídia, Politica e Cultura pela UFMT.
Publicou em março de 2019 o livro de poemas Matrioskas.
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Luiz Otávio Oliani
METEORITO
"O eterno é que me veste"
Astrid Cabral
não planejo escrever um verso
ele vem até mim
e explode em linguagem
domesticado
não fujo da sina
se o poeta é
imerso no coletivo,
como usar o verbo
sem que represente
a si próprio?
mesmo assim
escrevo
escrevo
não para ser eterno
nem alcançar glórias
escrevo
porque sou instrumento
da palavra que Deus sopra
em meus ouvidos

LUIZ OTÁVIO OLIANI cursou Letras e Direto. É professor e escritor. Participa de mais de 200 livros coletivos. Recebeu mais de 100 prêmios. Publicou 14 livros. Recebeu o título de “Melhor Autor Apperjiano 2019” pelo conjunto da obra.
Rio de Janeiro/RJ
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Paulo Sérgio Kajal,
TODAS AS FACES
Se eu creio que em tudo há vida
Creio na possibilidade de sempre ver Deus
A Divindade é raiz
Deus nem sempre é homem nem sempre é branco
Acredito num Deus que é uma mulher negra
Num Deus trans que transita
Permanente em todos os meios e gêneros
Deus tem vagina tem pênis
E tem línguas e seios fartos
E constante leite
Está em tudo no gemido no orgasmo no gozo
Se em todos está, Deus é você somos Deus
Matar Deus em nome de Deus é blasfêmico
Tenebroso é quem semeia a ignorância
O Belo se dissolve em meio à voz dos injustos
Deus geme e sangra e treme de amor e desejo
E se compadece numa paixão eterna
Doloroso é desconhecer o êxtase
Nos foi dada à maravilha da contemplação
A glória do mundo está aqui e tem de estar
Os céus estão com as portas abertas
Aqui está o todo
O mal é o impedimento de viver essa glória
Deus está morto tanto quanto quem mata e morre em seu nome
Pois seu nome é Palavra que o caos nomeia
Por isso digo Deus
E o que nos importa é toda a paixão furiosa e bela
que o êxtase divino nos traz:
O desejo de existir

Paulo Sérgio Kajal, poetator balalouco, carioca do subúrbio, Iniciado nos Mistérios de Lapêusis , adepto da filosofia pilintriana e investigador do conceito de Geopolítica da Pegação.
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Elisa Flores
DOAÇÃO
Não,
não sou guardiã
de irrelevâncias,
palavras vazias
nem da cisma advinda
de metragem das sílabas
em presença de rimas insipientes
Não,
não sou guardiã
das vãs esperanças
que me buscam preencher,
pois tento lançar tais ilusões
no lixo de idéias insustentáveis
Ah !
mas preservo a completude
de tantas querências
memórias cativas,
momentos ternura,
que habitam em mim
e mais tarde legados
aos meus procedentes.
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À Ruth Guimarães
Nasceste com a cor da terra e o tamanho do céu.
Fada de Guimarães, tens no nome a qualidade de amiga,
No coração, a matuta batida e a doçura do mel.
Magra, pesas mais que profusos poetas.
Míope, enxergas além do olhar comum.
Pobre, abranges a riqueza das magias folclóricas.
Finda te fazes eterna rainha do nosso sertão.
Hoje, em prece, me alio ao canto da passarinhada,
Ao farfalhar das folhas das árvores, ao uivo do vento,
E clamo-te como à figura por Deus tão amada:
Ensina-me a força que ao rio de Água Funda adentro
Daniel Q
São Bernardo do Campo/ SP
Daniel Q é pseudônimo de Suzana Moreira
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Sentei-me no banco do jardim.
Fechei os olhos.
Abri a janela da saudade,
deixei fluir as lembranças...
Vi-me brincando de roda,
junto com outras crianças.
E na roda fui girando,
buscando, encontrar tua mão,
fiquei envolvida.
Um perfume pairava no ar...
Viagens, passeios,
Reuniões em família...
Lembro-me de tua partida.
Momentos de vida vivida.
Emociono-me...
No dedo da mão, um anel,
presente que trago comigo.
Lembranças grudadas,
na memória.
Um emaranhado de emoções.
Pedaços da minha história.
O que vivemos agora, o tempo,
transfomará em recordações.
E o poeta segue poetizando,
em sua trajetória.
INUNDAR AS NOSSAS MENTES
NOS FAZER SORRIR OU CHORAR
MARCAR CORAÇÕES INOCENTES
PALAVRAS ADORMECEM NO PAPEL
CADE FONTE TEM SEU TRAÇO
LÁPIS, CANETA, PENA OU PINCEL
GUIAM CADA VERSO QUE FAÇO
PALAVRAS QUE MARCAM A ALMA
INQUIETAM NOSSO DIA A DIA
ESTREMECEM OS DEDOS, A PALMA
NOS TRAZEM ANSIEDADE, AGONIA.
PALAVRAS ESCRITAS OU FALADAS
MAIS DO QUE UM SIGNIFICADO
TRANSCREVEM VIDAS PASSADAS
PASSANDO A OUTRO O RECADO
PALAVRAS CRUZADAS AO VENTO
DISSE ME DISSE, TANTA HERESIA
QUE A QUALQUER MOMENTO
ACABAM VIRANDO POESIA!
AS PALAVRAS QUE SÃO GLOSADAS
PERMANECEM EM NOSSA MENTE
EM NOSSAS BOCAS SILENCIADAS,
EM NOSSA HUMANIDADE DOENTE
DE CERTO QUE O SAGAZ SINÔNIMO
MUITAS VEZES É POUCO VERDADEIRO
DISFARÇADO E VIL, VIRA ANTÔNIMO
NA MANHA DE TODO BRASILEIRO.
o mar é tão mais lindo
olhando a dois sorrisos
liberdade na alma
Campo Grande, Rio de Janeiro/ RJ
Minha dor?
Ela aprendeu a dançar
E se levou
Para os cantos mais iluminados
Ela aprendeu a ser dor
A ser verdade
Entre sonhos e sustos
A minha dor se distrai
Entre o tango
E o mambo
Junto ao samba de raiz.
A minha dor dança
Nos cabarés
Em saraus
Em milongas
É se abre ao mundo
Solta e livre
Se dilui no calor dos abraços
AMOR/ AMARO
Ama-se pelo gosto de estar lado a lado
Ama-se pelo apelo tácito da pele
Ama-se pelo desejo mesmo de doar-se
E, no outro, ser parte, uno e duplo
Face do bem-querer, estar no outro
No leito, no rio, no mar.
Cotidianamente, aprende-se o amor
Nos gestos miúdos, adensa-se o amor.
Amaro se torna o amor se não é amor.
Que Amor, de fato, confia e espera,
Não sopra a chama da discórdia
Amansa e redimensiona
Equilibra e apara arestas.
Se é Amor
O amaro vira amora
Néctar de flor
Sol no inverno
Nesga de luz
Mestra em Literatura Brasileira, pela UFRJ. Publicou A dona das palavras (Penalux, 2015), contos, premiado pela UBE-RJ, e Perfis femininos na ficção de Lygia Fagundes Telles, ensaio (Penalux, 2020).
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Cátia Graniço
Tudo Passa
Paulo Pinto
A Razão de um Poeta Apaixonado
Erivan Augusto
DEU NA MANCHETE
50 anos em cinco, e JK sorria
Médice e Geisel na Manchete
E no planalto central do país
A veraneio do Dops cruza a
Paulista, mal amanhece o dia
A cana tá brava, a vida tá dura
Pra dizer que não falei de flores
Vem ver o trenzinho caipira de Villa
Soltando fumaça nas Gerais
No Largo da Carioca, a banda
No Farol da Barra, alegria, alegria
Em Brasília, são exatamente, 19 horas!
Belo Romano
Alheio¹
Quase digo com os olhos o que o mundo quer
Quase falo com as mãos o que não me ajuda mostrar
Deixo de ser ante uma face
Sou exibido pela vitrine
Sou visto de dentro de casa
Mas só por fora de mim
Sou desinibido ante acanhado
Sou aquilo que nunca fui
Busco o alheio³ amor e o célebre amor alheio¹
Mesmo que pseudônimo
A vida perfeita é meu verbo
Ser invejado é meu pronome
Prefiro a mão azul de um leve clique
À mão reles, delicada, firme ou calejada.
Um eco quase surdo. solitário e raro
Busco falar com o mundo
O sentimento único de um mundo
Poste4 para que tu existas
Veja5 para que eu seja
E pela minha vida que deixei de seguir
Prefiro todo o amor alheio¹
Belo Romano
Catete, Rio de Janeiro/RJ
Psicóloga, psicoterapeuta, facilitadora de Biodanza, atriz e contadora de histórias. Trabalhos publicados em várias Antologias e autora do livro "Algumas Lembranças, Alguns Poemas".
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Eryks Silva
AMOR EM POESIA
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Vanessa Angelo
BORBOLETAS MORTAS
APPERJ e amigos da APPERJ.....Muito feliz em fazer parte desta linda Mostra, Projeto realizado de forma super competente em meio a um momento atípico, difícil... LUZ no caminho artístico de todos nós!! Só GRATIDÃO !!
ResponderExcluirAgradeço aos organizadores da Mostra, que abrange as mais variadas formas de poesia, por esta singular oportunidade.
ResponderExcluirMuito feliz em participar e agradeço a oportunidade! *Karine Dias Oliveira (Nova Friburgo/Rio de Janeiro).
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