FRANCISCO IGREJA
Verbete:Francisco Igreja (1949-1992)Autor de: Script; Procura-se um poema; Nascimento de Irene; Das sortes e do destino; coautor de 4 poetas modernos; livronline Postais de Irene, todos de poesia. Ensaísta publicou: A Semana Regionalista de 22. Em conto: Renascer de Jacinto. Publicou, também, o Dicionário de Poetas Contemporâneos. Idealizador e fundador da Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro a APPERJ. Criou os Cadernos de Poesia OFICINA.
ACESSE E ASSISTA TODO CONTEÚDO DA VI MOSTRA DE POESIA CONTEMPORÂNEA DA APPERJ- EDIÇÃO PRESENCIAL - QUE ACONTECEU NO DIA 14 DE SETEMBRO DE 2023.
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EDMILSON SANTINI
O JOGRAL - DIREÇÃO: GRACY KLEM
Apresentação do Jogral Teatro do Humano
Direção: Gracy klem
No videopoema “Sol e Lua”, uma cantilena de monossílabos nos secreta algo sobre a natureza feminina, sobre corpos celestes e ainda sobre um corpo nu que, como as fases da lua, orbita em fotografias na abóbada da tela.
tem
dia
que
tem
sol
tem
dia
que
tem
lua
tem
dia
que
ela
diz
não
tem
dia
que
ela
vem
nua
FICHA TÉCNICA
Edição Jozefo Roza Texto, fotos e direção: Tchello d’Barros Gênero: Videopoema Categoria: Livre Cor: P&B Duração: 01:00 Min Extensão:.MP4 Arquivo: 35 MB Formato: 1920 X 1080 Ano: 2021 País: Brasil (Rio de Janeiro - RJ) Realização: Fluxo Filmes - Coletivo de Audiovisual Contato: fluxofilmes@yahoo.com.br (21) 9 8354 1978

Itaipu - Niterói
a mulher que eu vi
preparando outra pessoa
atravessava a rua apressada
na correria do dia
foi atropelada no sinal vermelho
o tempo não parou
o motorista apressado não parou
o rebento se apressou
e nasceu ali mesmo na sarjeta
uma chamada para o 193
apressou os bombeiros que
salvaram a mãe e o filho
aquele menino cresceu
correndo contra o tempo
um dia já moço feito
caçando pipas pelos becos da favela
foi alcançado por uma bala perdida
bala achada apressada sem alvo definido
nas esquinas do asfalto e nas vielas
não deu tempo de se esquivar
o menino desenfreado
foi parado no tempo
virando a esquinas
e deparou com a própria sina
caiu e perdeu a repentina vida
o tempo
incólume
passa...
Amalri Nascimento

Facebook: Amalri Nascimento
No deserto de palavras
A alma se esconde nas sombras
E os fonemas mudos reverberam pela sala.
Não existem respostas.
Não existe empatia.
Nem seres humanos.
Há exigências absurdas sem afeto.
Há vínculos quebrados por vaidade.
Há um deserto sem areia, camelos ou beduínos.
No horizonte morre o sol solenemente.
Nas rajadas alaranjadas e vermelhas
Sangrando-se ao final da tarde
como se fosse um suicida pedindo misericórdia.
Há um cansaço inexpugnável.
Os músculos. Os joelhos
As pernas que bambas deixa o corpo cair.
E, no abismo soturno repousa um corpo quase sem vida.
A respirar o parco oxigênio.
A respirar a poesia dos guetos.
O lirismo caprichoso dos que sofrem.
E, aquele perfume antigo de rosas.
Hoje todas as primaveras estão findas.
Todos os outonos estão desnudos e sem folhas.
Todos os invernos derreteram-se
na bruma da memória ou do Alzheimer.
Onde coloquei aquelas lembranças.
Em que bueiro vazou tantas recordações.
Onde guardei aquela aliança.
Que um dia significou tanto.
E, hoje é heresia e tristeza.
Acariciou-me com ternura.
Fez recomendações para suas exéquias.
Pediu que escolhesse uma frase bonita
para seu epitáfio.
No dia seguinte, estava morta.
Pensei... pensei...
Aqui jaz uma alma eterna. De afeto frutífero e
que deixou legados...
Gisele Leite
esperança
é aquele tipo de ave
que se empoleira na alma
como uma tatuagem em brasas
fica gravada no peito
eternamente
canta canções sem palavras
que nunca param
a ouvimos em terras geladas
em longos campos desbotados
pelo outono
em mares estranhos
repletos de náufragos
porém, jamais
em qualquer tempo extremo
ela sequer pediu a mim
uma única migalha.
PROPÓSITO
Paulo Reis
Possui poemas publicados em coletâneas, e-book, jornais e websites.
Texto em homenagem a dois poetas contemporâneos piauienses.
Multiartista costurada nas palavras, "Filha do Sol do Equador". Administradora de empresas, poeta, artista plástica. Possui textos publicados em diversas coletâneas, sites e revistas. Escreveu o e-book A Violeta19 Uma Transmutação Pandêmica, em coautoria com jornalista Jorge Ventura, (obra ganhadora de prêmio nacional e internacional ) e autora de Vermelhos InVersos ( vencedor do prêmio Manuel Bandeira de Poesia 2021, pela UBE/RJ). Autora de A Síntese do Grito, obra premiado Soledário de Oro da Argentina e destaque no prêmio Latinidade Brasil Espanha 2023. Compõe a diretoria da Apperj.
JOSÉ AFFONSO
Apenas um qualquer José. Formado na faculdade do mundo, com mestrado nas histórias da vida. Sonhador por instinto. Pensador por natureza e "Poeta" com certeza
AUTOR DO LIVRO: UM QUALQUER JOSÉ
Celi Luz
DUAS MENINAS
Duas meninas chegam à praça,
Descalças e seminuas,
Mal o sol tira a noite das ruas.
Nas caçambas de lixo
Elas catam comida e brinquedo,
Mas se assustam, ficam com medo
Quando ouvem um berro.
Atrás do balanço de ferro,
A maior das meninas empurra
A outra em direção às janelas
De um prédio que para elas
Tem portas sempre arredias.
Passo devagar pelas duas,
Dou-lhes com gosto algumas moedas,
Depois retomo o caminho das pedras
E entro em meu dia a dia.
No metrô lotado, porém,
O jornal de alguém
A vista me embaça:
Ontem, na mesma praça,
Morreram de fome outras duas meninas.

APRESENTAÇÃO DIA 14 DE SETEMBRO DE 2023 NO CENTRO CULTURAL DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
Você foi configurado à luz do dia
Vigiar e punir são verbos transitivos
Até quando você vai continuar
Rio de amores e dores,
Rio dos ricos e pobres,
selvas de pedra e favelas,
dos casarões assombrados.
Rio de bela baía,
gosto muito de quem gosta
de enseadas, praias e ilhas,
lagoas, iates , magias…
Rio dos Arcos da Lapa,
do alado bonde de açucar
pra lá dos lados da Urca,
do Cristo no Corcovado.
Rio, meu Rio festivo,
de Carnaval o ano inteiro,
que torna filho adotivo
a todo bom forasteiro.
Mas hoje sinto a tristeza
da fome, riscos e perdas
que ameaçam por inteiro
essa terra de janeiros
Meu Rio do ontem no tempo
de celebrada memória,
reaja, ressurja, renasça,
pra que nunca deixe de ser
no coração e na história,
Cidade Maravilhosa.
Elisa Flores - profa da Uni Rio e da UFRJ, várias obras solo, em antologias pertencendo a várias Academias na Música e na Literatura como AEXPEN e PENCllube
APPERJ , etc…. Trovadora ( mais informações em livros publicados

Eu sou gato do mato
Eu ainda sou bicho do bicho selvagem
Sou leve, solto, disfarçado
Viro toco para não ser visto
Sou parte do esconde-esconde da natureza
Sou parte da magia
E da brincadeira de vida e morte
Sou da influência do sol a marte
Levo tombos e rasteiras
Dou cambalhotas e me viro no ar
Sou um gato selvagem
Disfarço-me entre humanos
Faço-me de domado
E salto para fora do caos
Na hora em que o bicho quer me pegar
Sou um gato selvagem
Espreito a beira do abismo
Esperando o que há de vir.
Na manhã estranha
De tardes tacanhas
Saio com o dia escuro
Embaixo de nuvens negras
Entre as luzes ainda acesas.
No infinito ainda o reflexo
Da queda do último relâmpago.
As marcas da tempestade
Que escureceu todo meu âmago.
Nada impede que eu ande
Entre casas sem muros
De mármores escuros.
A ventania soprando mundo afora.
Talvez eu quisesse ter alguém
Do meu lado agora.
Na primeira esquina
Cruzo com o sorriso aberto
De uma criança escura
Que clareia toda a rua
Que esclarece toda dúvida.
Ninguém sabe o que se passa dentro dos aviões,
Dos carros, ônibus e caminhões
Que param e passam,
Que dão passagem e atropelam,
Passam por cima e salvem
E deixam morrer na estrada molhada de chuva.
Nem por dentro da cabeça das pessoas que não sabem
Que o sorriso largo da criança
Perante o dia escuro
É tão contraditório
Quanto o vôo da ave de rapina
Pelo céu e mar limpo
Entre o sol mais que vivo.
Dias escuros, noites claras,
Manhãs violentas, tardes lentas.
Amores aflorando, ódios sangrando,
Corpos transando, cabeças rolando.
E o dia escuro cresce.
Assim ele aparece.
Assim ele se determina.
Assim ele domina.
O olhar dos que vêem seus filhos
Irem à escola em capas que os protegem da chuva,
Mas não do frio.
O olhar dos adolescentes mortos de tédio.
A perda da vida das cores das tintas.
O triste impulso sem graça do céu cinza.
O fraco aspecto de ternuras sem carícias.
os cruéis detalhes das últimas notícias
Dos jornais, das revistas, nas bancas, livrarias.
A velha que escorrega
Caindo na lama.
Os corpos que batalham
Desejando ainda estar na cama.
Comanda os pensamentos poluídos dos homens do mal
Que guardam o sexo na cabeça e as idéias no pau.
O fundo do coração das moças de mente vazia
Que fazem bebês assim como fazem comida.
A teimosia das aves que não se cansam de voar.
A bravura das árvores que insistem em respirar.
Talvez o mistério da noite venha esconder o medo no olhar.
Mas a realidade é má e tão fácil não irá nos desvencilhar.
E o negro do sorriso da besta
Cobrirá o branco da lua,
Como a urina do bêbado
Escorrendo da calçada para rua.
Se é doce morrer no mar
É amargo morrer no asfalto
Não vale morrer de enfarte
Depois de escapar do assalto.
Nos móteis, os debates de ego
Que se fingem de sexo
Com certeza se acirrarão.
Só que eles nunca saberão
Que nas minhas mãos está a soluçao
Da limpeza de toda podridão
Que toda mentira possa sujar.
Mas não se percam nas confusas palavras desses versos-pensamentos.
Pois o dia escuro, como um pesadelo,
sucumbirá num só acinte
no despertar do nascer do sol do dia seguinte.
O Tempo e a Medida
O tempo é a medida que nos dá todas as fórmulas, resolvendo as equações.
Ele soma, trazendo pessoas, coisas e convicções.
Ele nos subtrai, levando pessoas, coisas e convicções.
Ele divide.
Divide classes sociais, opiniões, divide mundos, cria bolhas.
Ele multiplica sem cessar qualquer informação que se solte ao vento.
Sem parar um só momento.
E segue desbravando a verdade, mas também, transformando histórias originais em outras que
nunca sequer existiram.
O tempo pode libertar ou confundir.
Aprisionar e nos fazer refém em um lupping eterno.
Ele prega peças, nos fazendo descobrir PEÇA.
No tabuleiro, habitam questões que não querem ser resolvidas, porque são elas, as
protagonistas.
Liberdade? Sim, é possível!
Porém antes é necessário ser peça, como preço de evolução.
Andréa Dhetty
Beijo roubado...
Inesperadamente você aparece
E eu vejo-me literalmente do seu lado
Seus olhares pareciam já pertencer ao meu
Mas nos comportamos na certeza de que teríamos muito ainda a trocar.
Aos poucos vi minha voz sussurrando no seu ouvido palavras de amor
E seus poros se abriram pra sentir meu calor
A conexão estava divina
E os desejos que não são bobos foram tomando forma
E quando quase te tive pra mim de total verdade
Você se levantou como um foguete, me deu um beijo
E pulou pra fora do ônibus como se fosse uma miragem!
Por pouco pensei:
Acho que encontrei o grande amor da minha vida
Mas acho que depois disso, nem vivo de verdade eu estava
E percebi que meus olhos do corpo estavam fechados
E logo era um belo sonho!
Só ficou uma duvida no ar:
Será que sonhos se realizam?
Que beijo roubado foi esse, acho que roubou meu coração junto!
POEMA INTERPRETADO POR JORGE VENTURA, DURANTE A VI MOSTRA DE POESIA CONTEMPORÂNEA EDIÇÃO PRESENCIAL
Deixo-te sobre a mesa, o que não tive
(não todos)
realizam-se, se desejarmos muito.
e tudo mais que guardo comigo
SEM RUMO
De madrugada
Perdida na noite
Ouço uma melodia
Que me faz sonhar.
No silêncio onde habitas
No bulício da cidade
Uma voz entre muitas
Ouço a me chamar.
Sigo sem rumo
Há caminhos sem gente
Em noite de lua cheia
Quero peregrinar.
Uma lágrima corre
Teimosamente de saudade
Minha alma estremece
Na imagem de um dia
te encontrar.
Não estou!
Aquela mulher escondida
nos franjados da idade,
na superação da atuação
de Branca de Neve
que virou cometa
deixando um rastro de delírios pela vida.
Aquela fêmea que sempre
foi comedida, mas para quem a tocou: - fatalista!
Não estou no mundo à passeio, tenho anseios,
Eu não ando graciosamente vestida
em jeans e sandálias altas, por andar.
Provoco movimentos
de pertencimento,
por tanto, não me devore num olhar só por cobiçar.
Me desnudes para conheceres a felina
mais ousada que
um homem já conheceu.
Pinto e despinto meu ser errante nas translúcidas retinas do acontecer orgasmos.
Quem sou eu?
Ah, descubra nas linhas do que proponho e componho,
acho que vais gostar!
OUÇA A POESIA SONORA DE BRENDA MARQUES PENA
Rastros sonoros e
Ecos da Glote
Brenda Mar(que)s Pena é poeta, escritora, jornalista, performer e produtora cultural. Pesquisadora Doutoranda em Estudos da Linguagem (CEFET-MG) e Mestre em Estudos Literários (UFMG). Autora de vários livros, entre eles: Poesia Sonora: história e desdobramentos de uma vanguarda poética e Tsunâmica.
-- Brenda Marques Pena
Jornalista, escritora e produtora cultural
Memórias Póstumas de Brasilidades
Ondas e tempestades, ideologias e realidadesA cortina que dobra o ferro entre o Sudeste e o Nordeste
Encanto unificador do mundano, a loucura de Foucault frente a microfísica do poder
paralelo
Perdido nas capilaridades das periferias do Rio, vigiado e punido no academicismo
brasileiro
Lúdicos sonhos presos na caverna, platônicos desejos de mudança, além do bem e do mal
da humanidade
O Corvo Invisível recriando o Cerberus das Nações, o azulado em agora necromancia de
sua liberdade
Ao vôo dos algoritmos e dados, guerras no colorir do hibridismo das classes
Na parcialidade de Osíris aos interesses de Anúbis, a balança abrindo caminho para a
ascensão de Seth
A fúnebre marcha em votações e votações nos três algozes, a ressurreição de Plínio em
festivo canto azul - tragédia
Velha política nova, decomposições em cada roda de samba nos subúrbios cariocas
Acordes de Cartola cantarolados em quadros de Portinari, alamandas que nunca mais
pintaram as brasilidades
Memórias Póstumas de Dandara e Marielle, a alvorada do humanatismo parafraseado nas
kalungas locais
Criador e Criatura, Narrativas e Lembranças
A mão que fez a colônia, o pandeiro que expressou os sentimentos populares
Um pé de laranja lima cresce mais uma vez, nas explorações diárias em mais uma Fábrica
Bangu
Mais um cidadão José, a jornada do herói latino - americano
Resistência de mil faces, monomito de mil Marias
Alamandas que agora cantam a nova esperança febril, em mais uma cidadā Rosa florescida
nas tempestades de outono
O tempo somos nós
O sonho profundo
O minuto e o segundo
Que está em nós
O tempo é você
A pensar em mim
Junto com você
Do começo ao fim
O tempo é eu
A pensar em você
Sonho meu
Em busca de você
O tempo somos nós
A calar a voz
De toda ansiedade
Em busca da felicidade
Marcos Lopes Firmo.Natural do Rio de Janeiro, além de poeta é jornalista, roteirista e cronista já tendo participado de diversas antologias poéticas.
Eu não faço arte.
A arte me fez.
Eu não escolhi ser artista,
Eu nasci assim.
E no momento em que meu coração bateu a primeira vez já estava determinado que pra
sempre eu veria mais com a minha alma do que com os meus olhos.
Sentir a nuance em relações.
Sentir o espírito do dia.
Conseguir identificar a sutil poesia de:
Uma onda quebrando contra uma pedra.
Olhar pro céu.
Respirar fundo e perceber que,
Eu estou viva.
Eu não fico bem presa.
Correntes queimam minha alma,
Destroem quem eu sou.
Eu preciso ver,
Ouvir,
Sentir.
Eu preciso estar lá, você me entende?
Não é algo que se explica.
Só é algo que se sente.
E eu quero que você veja o que eu vejo! Quero que esteja disposto a pular dessa
realidade e voar comigo, mas se você não quiser, tudo bem.
Só por favor,
Não tenta cortar as minhas asas.
Não,
Não tenta me conter.
E eu prometo que te contarei tudo,
O que você precisa saber.
Eu não busco a minha metade.
Eu sou inteira, querido
E se você topar essa aventura não será pra me completar.
Será pra transbordar comigo.
Esses são os meus termos.
Se quiser dessa forma,
Saiba que será bem vindo em minha vida.
que já não quer mais cantar.
Ouço a árvore sem folhas
que grita seca à tarde.
Ouço o ruído do vento
que não tem ar.
Ouço o barulho da voz
que nada diz.
Ouço o silêncio de tudo.
Ouço a mudança diária,
a transformação,
a evolução e o progresso
inevitáveis.
*Poema sem título (a critério do autor)
Daniel Campos
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Daniel Campos Guerreiro nasceu em 1982 e mora no Rio de Janeiro. É formado em Turismo e é empresário. Publicou quatro livros de poemas e é membro da APPERJ.
O adiantar da hora, o disparo é na carne preta
O ponto lotado, o atrasar do trem
A marmita estragando, me faz de refém
Tudo é marca de corrente, é navio negreiro
O estalar já não é mais do chicote
O tronco moderno anda pelas ruas
No contratempo da embarcação, o negreiro atraca
na estação
O açoite do relógio, o atropelar da multidão
na cara se repete a ferida, a agressão
a clara miséria por si só já fala
A gente é feito das marcas do tempo,
Morreram os garotos na Candelária
Passado tão presente, que ainda ouço
os disparos na carne preta.
Diz: paro, na carne preta.
Victor Meirelles
Dizem por aí
que eu tenho uma alma antiga
que bebe vinho, dança bolero
e acha graça na vida.
Dizem por aí
que eu abro a porta para a
poesia, que acolho seu pranto,
que compreendo os seus mais
íntimos ruídos.
Dizem por aí
que essa minha aparente
leveza de ser
nasce da conclusão
de que não se pode ter tudo
e, portanto, só nos resta viver
com o que se tem.
Dizem por aí
que esse meu inesperado
encontro com a poesia
é o resultado de uma
confusão de afetos
que, como as estrelas,
se chocam e se estabilizam.
É o que dizem por aí!
Através do vidro
não vejo o mundo como tu vês
Através do vidro
vejo o teu revés
Através do vidro
vejo esperares a tua vez
Através do vidro
vejo semeares o talvez
Através do vidro
vejo voarem as aves da tua viuvez
— sobrevoarem as naves da tua insensatez
Através do vidro
não invejo a tua altivez
Através do vidro
alvejo o tecido da tua mudez
E como um realejo no meu ouvido
vejo o mundo por outro viés
porque sei qual de nós está
atrás do vidro.

Klara Rakal -é anagrama e nome literário da professora, escritora,
poeta, promotora cultural e editora Karla Antunes. Três livros de
poesia lançados: Rastro de Salamandra, 2017, De Peito Aberto,
2020 e Céu Peixe, este um dueto com Douglas F. Murta, 2022,
todos pela VillarLuna Editora. No prelo, Semáforo Escangalhado no
Amarelo, edição da autora. Curadora do SARAU dos BARES e do
CoNcUrSo De PoEsIa InStAnTâNeA já na 11ª edição, na Ilha do
Governador.
Instagram: @klararakal , @karlaantuneseditora e @saraudosbares
Blog De Peito Aberto (de poesia): http://klara-rakal.blogspot.com/
Karla Soares Antunes
Portuguesa, Ilha do Governador.
Rio de Janeiro, RJ.
Um problema que não é meu,
Numa grande dor que é sua;
A cabeça não tem um ombro,
Mas tem uma fé que não é crua.
Família de quem? Não sei.
Irmão de quem não é.
Todos por um propósito,
Um por todos perdidos.
Uma afinidade entre amigos,
Em laços fraternos formados;
Uma oração que é bem dita
Perde-se na espontaneidade.
O amor de Deus existe,
O mesmo que se rejeita;
A Sua bondade resiste
Na crença de uma certeza.
Família de quem? Não sei.
Amigo de quem não é.
Todos por um propósito,
Um por todos os amigos.
Procuro por piores palavras para pronunciar, perturbar
políticos pavorosos, poderosos, perigosos, presunçosos,
perversos, picaretas, pilantras.
Preciso protestar, processar, penalizar políticos podres,
pois prejudicam população.
Procuro por preciosas palavras para pronunciar, prestigiar
poetas, profetas, pensadores,
professores persistentes, pacientes, presentes, potentes,
pessoas participativas pulsantes.
Preciso parabenizar, potencializar, presentear professores perseverantes,
pois promovem população.
Pesquisar palavras para políticos:
pinçar pouquíssimas palavras positivas.
Pesquisar para poetas, pensadores, professores:
perceber palavras positivas plurais.
Permaneço, pensando, pesquisando, procurando
palavras positivas para pessoas...
Poetas, professores, pessoas, povo: parem, pensem, pesquisem, poetizem,
postem, publiquem, persigam por palavras positivas para pessoas,
principalmente para pulsar, proporcionar, promover PAZ.
Prossigam! Poesia purifica! Poesia permanece! Plenamente!
Regina Hesketh (GIGI)
Apenas respire fundo com
Muita vontade de viver
Tão somente absorva e,
Aos poucos, vá assimilando
De modo a se sentir plena
Inspirada e transbordante
Agora, levemente, comece
A soltar o fio de vento
Viciado, mas sutilmente
Como um sussurro ou voo
Não poupe fôlego nem diga
Acabou-se o que era doce!
Quando se sentir esvaziada
De todo e transparente –
Prestes a se definhar
Feito uma nuvem ou bruma –
Recupere o ar renovado e
Reassuma, senhora do ritmo,
O fluxo da respiração com
As mãos, os olhos e a boca
Porque você é uma dádiva
Aeróbica e felicíssima!
[AZ] Almir Zarfeg
salvar-se: não do perigo
salvar-se no perigo de abrir-se
ao cio da chuva de adagas
sobre as vidraças do sorriso
salvar-se como o acrobata
ao salivar o doce do risco
de ser pego pelo açoite
da farsa do equilíbrio
salvar-se como a espora
se devora de espera pela hora
do coice do cavalo fiel
e subitamente arredio
salvar-se como no circo
saltam no vazio de cama elástica:
trapézio na promessa
duvidosa de uma asa
salvar-se como quem
no espinho da rosa se serena
e goza: se desvenda e venda
e se descasca em cuidadosa faca
de um poema
Uma homenagem a essa amiga
que passou pelo processo
da cura de um cancer
um dia me disseram, ou talvez eu tenha lido
energia, feminino, libido
mudança, transformação
um dia me disseram, ou talvez eu tenha lido
que Lua Nova é trocar de fase
sair do conforto, ir pro desinibido
zona de escape
um dia me disseram, ou talvez eu tenha lido
na Minguante, cautela
Crescente é a espera
na Cheia, eu lembro dela
dos desejos
dos mistérios
dos seus beijos
dos inquéritos
- dos inquietos -
um dia me disseram, ou talvez eu tenha lido
ou talvez tenha bebido
uma taça de tinto
Dianna Rodrigues
PULSO DO RELÓGIO
É noite e mais um dia e estou escutando o tic-tac do meu relógio
Passa tempo e não demore, porque já não sou que eu era dias minutos e segundos atrás tic-tac
Todos os dias eu agradeço por mais ou menos um dia (tanto faz)...tic-tac
Esse tic tac me faz repensar em inúmeras vezes do que a vida me fez ter sentido .
As vezes eu quero que chegue o amanhã e outras vezes não quero que acabe o hoje,
porque hoje tenho certeza que posso mudar o mundo e
Quando a gente se concentra no presente,
Tenho 1440 minutos do dia para tentar resolver
Então a nossa vida não passa de um tic tac ,
primeiro suspiro até o último fôlego – tic-tac.
Se for contar desde o minuto que nasci até o presente momento,
Aprendi que tem coisas que nem o tempo pode mudar
braZil
Título: "braZil" (2023)
Poeta: Gringo Carioca
Bairro: Flamengo
Cidade: Rio de Janeiro
Estado: RJ
Gringo Carioca

permito-me descansar
tão comprimido pela vida
sem espaço e sem voz
tão sem voz que perdeu-se em si
nunca soube para onde ir
encaixar, nem pensar
melhor esquivar.
permito-me descansar
para minha mente não procurar, incessantemente
o que achar.
mas o corpo comprime,
impede a procura que torna-se
eterna
nesta dança da vida
permito-me descansar
o céu observar
as pessoas, passar.
a vida, a se encontrar alguns dias, desperdiçar talvez um dia, estar.
permito-me descansar.

Poema Mundo
Êta mundo que não se aquieta
De tomar más decisões
Dilacera corações
Enquanto a vida tenta se manter em vida
Os olhos não creem no que veem
Os olhos não veem!
Alma aflita alfineta nossas razões
Autoridades brincam nos palcos
Esbanjam verbos desconjugados
Como epidemias avessas
O cérebro grita com a cabeça:
Cuidados são necessários aos egos!
E o corpo imita
O caos
Os laços se comportam mal
E os que não pensam nas origens das cenas
Só sentem pena
E clamam
Pedem mudanças nos níveis abdominais.
Será que não querem ser mund(anos)?
No tempo que se esquiva de éticas
E não passa
Para quem não é livre
Sofre de liberdade desprivilegiada
Artimanhas dos pés descalços
Dos casos drasticamente contados
Sem a saliva dos que falam
No conta-gotas que ainda pulsa
Sem remédio no extremo do poço
Daquele que não olha para trás
Persevera bem fundo
E o mundo continua mundo.
Olho no alvo!
Vista aguçada
E foco total
Precisão!
Consciência
Em reclusão
Olho no alvo!
Guerra calada
Escolha fatal
Promotor
Juiz, júri
E executor
Olho no alvo!
Mira ajustada
Disparo mortal
................................

Paulo Cesar da Costa Pinto,
LUIZ OTÁVIO OLIANI cursou Letras e Direito. É professor e escritor. Publicou 18 livros: 10 de
poemas, 3 peças de teatro, 4 livros de contos e 1 título infantil.. Participa de mais de 200 obrascoletivas. Recebeu mais de 100 prêmios. Teve textos traduzidos para algumas línguas.
Tenho Medo
Tenho medo da entrega que te faço
Dos laços que jamais desfaço
De sofrer por um amor
Tenho medo do impulso que me apego
Vire lágrimas com que eu rego
Os espinhos de uma flor
Tenho medo que um dia você parta
Devido a uma rotina farta
De uma vida sem calor
Tenho medo de amar imensamente
E perder tudo de repente
E restar a minha dor
..............................
Uma poetisa que transforma emoções e sentimentos em poesia!
Quero dizer poemas
E que em surdina os gatos
Quando ela se fez presente
Poeta natural de Pio IX, no extremo leste do Piauí, engenheiro agrônomo, apaixonado pela cultura sertaneja, contos de “causos” e cordéis e da mais autêntica música nordestina, tornou-se poeta inspirando-se no sertão,em sua terra natal e em temas agrários, ambientais, sociais e políticos, sempre publicando versos bem humorados e críticos nas redes sociais.O exercício da profissão no INCRA permitiu-o manter-se vinculado ao fascinante mundo da cultura sertaneja. Um olhar sempre voltado para o sertão.Na atual fase, discute as questões territoriais dos povos subalternizados em pesquisa de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Barra da Tijuca
Rio de Janeiro- RJ
Carioca, mãe, professora, poeta, cantora, compositora diretora membra da APPERJ. Livros: A Ciranda dos Pirilampos (Ibis Libris/2016), Guizos da Inocência (Ventura Editora/2021
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