Amalri Nascimento, poeta e contista, dá o seu depoimento em apoio às atividades de Poesia Contemporânea da APPERJ . Potiguar, da cidade de Brejinho/RN, radicado no Rio de Janeiro desde 1996; Apperjiano nº468, Membro Correspondente da ALTO e IHGM - Teófilo Otoni/MG e ALAAP-RN;
" Sob o Farfalhar do Juazeiro e outros contos que conto" é seu livro de estreia. Artista Plástico, premiado em diversos Salões promovidos e/ou apoiados pela SBBA.Amalri Nascimentro participou das três edições das Mostras de Poesia Contemporânea da APPERJ
Poema apresentado na I Mostra de Poesia Contemporânea em 2018, no auditório Machado de Assis, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
SOZINHO
Fechando-me a segredos
De combinações infindas
A luz que descortinava as íris aos clarões do dia
Foi-se para se perder nos abissos
Mais recônditos de minh’alma querente
Sem deixar resquícios de réstias
Por mais tênues que alimentassem
Um lampejo de esperança
Prostrou-me a tatos doridos
Nessa solidão insana que lancina...
E mesmo que ínsita
São mudos os ecos
Da aldrava fundida em sentimentos
Do tempo perdido
O que fazer
Senão sangrar os dedos em agudas farpas
Ao esmurrar a crueza da madeira
De portas que se fecham
Sozinho e sob espreita de olhares hediondos
De gárgulas que vomitam torrentes
A pele nua sucumbe
Aos calafrios do relento que oprime a carne
Enquanto as entranhas reviram-se e ardem
Às chamas de suplícios e desejos...
Poema apresentado na II Mostra de Poesia Contemporânea em 2019, no auditório Machado de Assis, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
TEIAS ONÍRICAS
Ao varar da madrugada
Rasteja-se ao abraço do leito
Meu corpo lasso,
A inconsciência do tempo desejo como afago.
Não há tempo nem espaço,
Apenas o peso teso do torso,
Membros em descompasso,
Braços e pernas no vazio infindo do vácuo.
A manhã fora engolida inteira!
Carícias dum sonho amorfo
Ecoam dum campanário distante
Badaladas que sussurram o meio-dia,
À cama, atadas em cobertores, digladiam horas insones...
No fazer-se da tarde
O sino insistente sopra um grito morno,
Pesadelos cíclicos tecem fios oníricos
Dum casulo que não se fecha no claustro desejoso.
Levanto bocejo rastejo urino gargarejo escarro...
Bebo e como...
Ah, como bebo e como!
Esgueiro-me pelos arcanos do quarto e recosto-me,
Mergulho na modorra obsidente e readormeço
Na feérica espera da metamorfose que não se completa
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