ODE AO NAVEGANTE DA PALAVRA - MUNDO
No balanço das velas antigas,
os mares murmuram segredos,
um poeta se lança no vasto azul da história.
Tinta como bússolas,
versos como estrelas,
navega entre lendas, desenhando destinos.
Cinco séculos de alma em fúria,
e o mar, outrora caminho,
hoje é poema disperso em lusofonia.
Mas, não te cales, Camões!
Tua voz imponente ressoa
no canto que se faz e refaz.
Em cada paradoxo que crias,
vê-se o poder da palavra-mundo.
Em cada veia pátria e oceanidade,
és eterno na tessitura das palavras.
Cinco séculos são breves para ti.
Na lusa imensidão, cada canto é um conto,
rima/conquista, verbo/navega.
Em tua voz, o mundo se revela.
Entre teus ecos e mares épicos,
uma rota inédita se abre no meu caminho.
Sou verso, multi-versos dos mares inexplorados.
Nasci para desvendar mistérios.
Eis-me aqui, buscando um novo Cabo,
onde a vida, sem mapas, se faz odisséia.
Nas tuas linhas, me perco e me (re) encontro.
Sonhos e esperanças se (re) partem
num horizonte (re) inventado.
Com tua pena, carrego almas nas mãos.
Tua voz me guia por mares incertos,
onde a vida deságua em despercebidos re/versos.
Teu olhar, um só, vê cruzar tempestades,
em busca de terras ainda não vistas,
mas já sonhadas.
Cada dor é um Adamastor,
cada perda, um naufrágio,
mas no peito arde a coragem de ir além.
E tu, Camões, canta-nos com bravura,
que entre perdas e conquistas,
segues imortal na ode do viver.
Através de ti, descubro universos em mim.
Ilhas de solidão e redenção.
Nos mares da existência, escolhas!
O medo que retém ou a coragem que liberta.
Eis-me aqui, um navegante do destino.
No verbo que me guia, força.
Nas tormentas, resistência.
A cada amanhecer, renovação.
E se, ao fim, nada me restar,
que as águas levem tudo,
mas deixem-me o poema.